Brasil vive novo ciclo do ouro. Pará é um dos seus expoentes.

Motivo da valorização é a guerra comercial entre China e EUA, que induziu o governo de Pequim a fugir da moeda americana e, avesso a riscos, investir pesado no metal precioso.

10/07/2024 08:00
Brasil vive novo ciclo do ouro. Pará é um dos seus expoentes.

Manchete de capa do jornal O Globo no último domingo, 07, afirma que o metal vai atrair R$7,6 bilhões de reais em investimentos de empresas estrangeiras no Brasil até 2027. O ouro valorizou 54% em três anos, revela também a reportagem assinada pelos jornalistas Cleide Carvalho e João Sorima Neto.   

Razões

Evidente que a pandemia, a guerra na Ucrânia e o conflito provocado pelo Hamas e outros grupos terroristas contra Israel também são fatores para a valorização do ouro, considerado um porto seguro pelos países investidores.

Regulamentação

Dois dos grandes desafios para o Brasil são combater a extração e os garimpos ilegais e os danos ambientais causados por ambos.

Nove estados

Os maiores produtores de ouro do Brasil são Minas Gerais, Bahia e Pará. Os outros seis onde há extração, ou seja, que também surfam nessa onda de novo ciclo do ouro segundo a reportagem, são Amapá, Maranhão, Rio Grande do Norte, Tocantins, Goiás e Mato Grosso. Estes dois últimos considerados “com alto potencial” por especialistas. 

“Eldorado do Pará”

O governo do Pará autorizou em 2023 a implantação da mina Castelo dos Sonhos, uma lavra a céu aberto, em Altamira. Suas reservas são estimadas em 1,4 milhão de onças. No local, a empresa com sede nos EUA, TriStar Gold, promete investir R$1,4 bilhão em dez anos.

Já em Itaituba, diz a matéria, a canadense GMining anunciou investimentos de R$2,4 bilhões também nos próximos dez anos. A empresa vai iniciar em agosto o projeto Tocantinzinho, no qual prevê extrair 175 mil onças anuais até 2034. 

Segurança jurídica

Especialistas ouvidos pelo jornal afirmam que as novas regras adotadas para coibir o ouro ilegal favoreceram o interesse de grandes mineradoras que utilizam novas tecnologias na exploração e produção do metal.

Potencial

Não se pode afirmar com exatidão a quantidade de reservas de ouro no Brasil, daí estimar-se em torno de 12% das existentes em todo o mundo. O número pode aumentar caso haja investimento em pesquisas e estudos. Hoje existem mais de 4500 autorizações de pesquisa do metal no país.

Ciclo virtuoso

A matéria revela ainda que a extração pelas grandes mineradoras têm ajudado a combater a pobreza nas regiões em que atuam, onde têm pago salários melhores que os praticados nos locais. “A ciranda econômica começou a girar em função da atividade econômica gerada pelo minério”, diz o texto. 

Impacto ambiental

Em razão dos velhos problemas de sempre, são questões cruciais neste universo de exploração do minério, discutir o combate a extração ilegal e o impacto ambiental da mineração de ouro, temas recorrentes e preocupantes.

Dados

O Brasil tem hoje 811 concessões de lavra e (lavra) garimpeira de ouro. Um estudo de pesquisadores da UFMG e do MPF mineiro conseguiu verificar a legalidade de 34% do metal produzido no país entre 2019 e 2020.

Prejuízo

O trabalho estimou um prejuízo socioambiental de R$ 31,4 bilhões provocado pelo garimpo ilegal no período, enquanto foram arrecadados apenas R$ 640 milhões em impostos com o ouro legal.

Amazônia, rotas e riscos

Em relação às rotas utilizadas pelo crime organizado e o que singra ilegalmente nos rios da Amazônia ou pelas suas fronteiras terrestres com a Venezuela, Guiana e Bolívia, ainda não consegue-se estimar.

Humor dos investidores:

Uma mudança comportamental do setor e da sociedade em relação à mineração é sentida de 2023 para cá. Agora, recursos como a rastreabilidade possibilitam conhecer a origem do metal. O texto revela também que as cadeias de produção são mais auditadas, o fluxo de controle melhorou, gerando segurança jurídica a quem investe.

Desafios

Para as grandes mineradoras na atividade legal, o desafio maior é implementar práticas sustentáveis que não agridam o meio ambiente. O licenciamento ambiental das permissões de lavra é de responsabilidade dos estados, que adotam critérios diferentes.

Regras do Jogo

Não há regras de como o ouro deve ser garimpado. A extração nas lavras a céu aberto deixa extensas e profundas cavas no solo. A movimentação de terra e rochas descaracteriza o ecossistema.

Alta

Consultor afirma que a atração de investimentos tende a se prolongar e a razão da sua crença está no que chama de “tendência mundial de reduzir a dependência do dólar”. Ele destaca o crescimento de 14% na compra de ouro pelos bancos centrais no mundo todo, em 2023. 

Contrapartida
A população paraense anseia pela contrapartida das mineradoras com o estado, seus funcionários e a sociedade em geral.

Que as empresas TriStar Gold, dos EUA, e GMining, de matriz canadense repliquem boas práticas das suas congêneres nas outras unidades federativas que vivem esta fase literalmente dourada.

Melhor, que ambas e outras mais inovem e apresentem as suas próprias políticas de investimento nas cidades e nos seus habitantes em terra tão fértil e rentável.

Demanda global

Em face da sua importância econômica, o ouro é sinônimo de segurança e reserva  desde a antiguidade. Governos que regulamentam a exploração e produção do minério devem, sim, incentivar numa ponta os investimentos, e cobrar, na outra, as contrapartidas em meio ambiente, políticas públicas, pesquisa, inovação e outras boas práticas. A alta da commodity demanda a busca de investimentos dentro e fora do país.  

Tapajós e o “distrito de ouro”

Em Novo Progresso, no sudoeste paraense, a empresa GoldMining, antiga Brazil Resources, afirma possuir sete licenças para explorar o “Projeto São Jorge” em quase 500 quilômetros quadrados no chamado distrito de ouro do Tapajós.

Ouro, China e Centro Comercial

Como se vê, mais uma vez o Pará é contemplado com chances reais de combater a pobreza, por meio de mais um “fruto” que pode ser produzido das suas riquezas minerais.

Legado

Que essa era deixe legados e contrapartidas como ocorre nas nações desenvolvidas e na potência totalitária chinesa, cujos filhos e sócios do governo aceitam ouro como moeda e pagamento no seu novo domínio: o comércio de Belém.


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